Guatteria sellowiana Schltdl.

Embira, embira-preta, pindaíba-preta

Árvore inerme, perenifólia ou subcaducifólia, heliófila, monoica, até 15 m de altura e 35 cm de DAP. Ritidoma cinzento a pardacento, íntegro ou fissurado e descamante; casca interna rosada, fibrosa. Madeira amarelada ou marrom-clara, leve. Folhas simples, alternas, elípticas ou obovadas, pilosas,  com 7-12 x 3-6 cm. Flores hermafroditas, diclamídeas, pilosas, perfumadas, com cálice verde e corola  verde clara a amarelo-esverdeada.  Frutos constituídos por 16-42 carpídios elipsoides, suculentos, vermelho-arroxeados e com ± 12 x 7 mm na maturação, sustentados por um estipe longo, avermelhado. Sementes elipsoides a globosas, marrons, duras,  com 5-8 x 4-5 mm.

Possui registros de ocorrência nas unidades federativas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, exceto Mato Grosso do Sul, e no estado da Bahia. Ocorre em muitas localidades do centro-leste do Cerrado, sem ser frequente e sendo encontrada apenas em florestas ribeirinhas situadas em terrenos bem drenados.

Às vezes perde uma quantidade notável de folhas na estação seca, floresce em junho e julho e apresenta frutos maduros entre julho e setembro. As flores são protogínicas, de antese matutina e conforme Gottsberger ( 2014), são polinizadas por besouros. A dispersão das sementes é feita por aves e aparentemente por mamíferos arborícolas

A madeira é utilizada em construções simples no meio rural, principalmente como caibro e como estaca para cercados. As folhas são usadas na fitoterapia caseira, contra disenteria e úlceras estomacais. Estudos fitoquímicos e testes in vitro conduzidos por Santos (2014) levaram à constatação de que a fração alcoólica das partes áreas de G. sellowiana apresenta atividade contra as bactéria Escherichia coli e Staphylococus aureus e a levedura Candida albicans. Os frutos entram na dieta de aves e de mamíferos arborícolas. A espécies é indicada para arborização urbana e para plantios mistos destinados a recompor áreas desmatadas em margens de cursos d’água.

As sementes de G. sellowiana possuem aparência e morfologia similares às de várias anonáceas que possuem dormência causada por presença de embrião imaturo e de substâncias que inibem ou impedem o processo de germinação. É provável que as sementes dessa espécie demorem para germinar, apresentem baixas taxas de germinação e requeiram tratamentos especiais para uma boa germinação. 

G. sellowiana tem dispersão relativamente ampla no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e deve estar presente em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma, .

Árvore em margem de floresta ribeirinha em solo bem drenado. Paracatu (MG), 09-01-2017

Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Paracatu (MG), 09-01-2017

Flores e folhas. Paracatu (MG), 26-06-2016

Fruto com carpídios imaturos. Paracatu (MG), 26-06-2016

LITERATURA
LOBÃO, A.Q. et al. Guatteria (Annonaceae)da Floresta Atlântica brasileira. Rodriguésia, v.63, n.4, p.1039-1064, 2012.
SILVA JÚNIOR, M.C. & PEREIRA, B.A.S. 2009. + 100 Árvores do Cerrado: Matas de Galeria: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado, p.34-35.
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