Myrocarpus frondosus Allemão

Cabreúva, óleo-pardo, bálsamo

Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, oleoresinífera, até 18 m de altura e 60 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma suberoso, sulcado, de superfície variando de bege a brancacenta e a cinzenta; casca interna rosada, com veios alvos, epiderme clorofilada e camada intermediária branca. Madeira pesada, aromática; cerne variando de amarelo-escuro a marrom e a castanho. Râmulos lenticelados. Folhas alternas, imparipinadas, glabras a pubescentes, com 5-8 folíolos; pecíolo e raque totalizado 7-12 cm de comprimento; folíolos alternos, curto-peciolados, ovados a elípticos, glandulosos, de 3-6 x 1,5-3 cm. Inflorescência racemiforme, glabra ou puberulenta, de 3-6 cm de comprimento. Flores curto-pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, perfumadas, de 4-6 mm de comprimento; cálice campanuliforme; corola dialipétala, branco-amarelada Fruto seco, indeiscente, papiráceo, alado,  marrom-claro,  oblongo a elíptico, com 1-2 sementes e 4-8 x 1-2 cm. Sementes oblongas, de 2-4 cm de comprimento.

Ocorre na Argentina, Paraguai, Bolívia e Brasil, nos estados das regiões Sul e Sudeste, em uma fração da região Centro-Oeste e na Bahia. Tem sido referida para florestas ombrófilas e florestas estacionais associadas a solos de média a alta fertilidade. É rara no Cerrado, com registros de ocorrência apenas em alguns pontos de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Os indivíduos de M. frondosus perdem as folhas na estação seca; florescem com folhas novas, entre setembro e outubro; e apresentam frutos maduros entre novembro e novembro. As flores são frequentadas por himenópteros, com destaque para abelhas de pequeno por porte, que devem ser os seus principais polinizadores. Os frutos com as sementes são dispersos pelo vento, para os arredores da planta-mãe.

A madeira de M. frondosus é considerada de alta qualidade e de grande versatilidade nas suas regiões de maior ocorrência, já tendo sido empregada em obras internas na construção civil, e em confecção de móveis de luxo, objetos decorativos, instrumentos musicais e tonéis, entre outros artefatos. O oleoresina exsudado pelo tronco é utilizado na fitoterapia popular, principalmente contra afecções respiratórias, e tem emprego na indústria de perfumes e cosméticos. A casca, as folhas e as sementes também são usadas contra essas afecções. A espécie possui atributos que a torna apropriada para arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas, implantação de sistemas agroflorestais e plantios para produção de madeira nobre e de oleoresina.

Na produção de mudas de M. frondosus, é importante que se utilize frutos recém-amadurecidos que tenham sementes bem desenvolvidas. Estas são postas para germinar dentro dos frutos, sem tratamentos pré-germinativos. A semeadura deve ser realizada em recipientes de no mínimo 25 x 15 cm, contendo substrato organo-argiloso e mantidos em ambiente com 30% a 50% de sombreamento.

M. frondosus ocorre em uma pequena parte da área de abrangência do Cerrado, não possui registros de ocorrência em unidades de conservação de proteção integtral nesse bioma e as suas raras populações estão localizadas em fragmentos florestais onde ocorrem derrubadas de árvores, incêndios e invasões de gado.

Fuste de indivíduo em floresta estacional caducifólia. Brazlândia (DF), 22-11-2005

Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Brazlândia (DF), 22-11-2005

Folha. Brazlândia (DF), 22-11-2005

Frutos maduros. Brazlândia (DF), 22-11-2005

LITERATURA
CARDOSO, D.B.O.S. 2008. Taxonomia da tribo Sophoreae s.l. (Leguminosae, Papilionoideae) na Bahia, Brasil. Dissertação (mestrado), Universidade Estadual de Feira de Santana, 209 f.
CARVALHO, P.E.R. 1994. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Colombo: EMBRAPA-CNPF; Brasília: EMBRAPA-SPI, v.1, 640 p.
CNCFLORA. Myrocarpus frondosus in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrjp.gov.br/portal/pt-br/profile/Myrocarpus frondosus>. Acesso em 18 abril 2018.
LORENZI, H. 1998. Arvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas brasileiras. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, v.1, 1a ed., p.219.
LORENZI, H. & MATTOS, F.J.A. 2008.. Plantas Medicinais Brasileiras: nativas e exóticas. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, 576 p.
SARTORI, Â.L.B. Myrocarpus in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB83493>. Acesso em: 18 Abr. 2018.
SARTORI, Â.L.B. & TOZZI, A.M.G.A. 2004. Revisão taxonômica de Myrocarpus Allemão (Leguminosae, Papilionoideae, Sophoreae). Acta Botanica Brasilica, v.18, n.2, p.521-535.
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