Vochysia tucanorum Mart.

Pau-de-tucano, tucaneiro, vinheiro

Árvore inerme, subcaducifólia, heliófila, monoica, gomífera, com  até 12 m de altura e 35 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma variando de cinzento a pardacento, muito dividido e descamante; casca interna róseo-amarelada ou bege, granulosa. Madeira moderadamente pesada; cerne marrom-claro. Râmulos roliços a levemente achatados, glabros, esparsamente lenticelados, esverdeados no ápice. Folhas simples, verticiladas, glabras, em número de 3-4 por verticilo; pecíolo 8-15 mm de comprimento; lâmina discolor, subcoriácea, geralmente obovada, de margem inteira, ligeiramente revoluta, com 7-12 x 3,5-6 cm. Inflorescências eretas, glabras, relativamente densas, com 12-16 cm de comprimento; cincinos com 2-4 flores. Flores com 15-20 mm de comprimento; pedicelos 5-10 mm de comprimento; cálice glabro; calcar reto ou curvo, com 8-12 mm de comprimento; corola com pétalas amarelas, carnosas, desiguais no formato; estame glabro, 8-12 mm de comprimento; estaminódios diminutos; ovário ovóide, trígono, glabro. Frutos com 18-23 x 10-13 mm. Sementes de 10-14 x 4-6 mm, com ala membranácea, marrom-clara.

Ocorre no Suriname, Bolívia, Paraguai e Brasil, nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Tocantins e em todas as unidades federativas da região Centro-Oeste. É encontrada em quase toda a área de abrangência do Cerrado, em florestas estacionais subcaducifólias, cerradões e em faixas transicionais de cerrados típicos para florestas ribeirinhas.

Floresce ao longo da estação chuvosa, com maior número de indivíduos floridos no período de novembro a janeiro e, geralmente, . Indivíduos com frutos maduros são mais comuns de junho a agosto.

Um conjunto de indivíduos investigado por Oliveira e Gibbs (1994) no Distrito Federal, teve as flores polinizadas por abelhas da família Anthophoridae. As flores foram também freqüentadas por abelhas de outros grupos, borboletas, mariposas e beija-flores, que foram consideradas polinizadores secundários ou apenas visitantes oportunistas. A análise do sistema reprodutivo revelou que a espécie é auto-incompatível, com um indivíduo necessitando de pólen de outro para formar frutos. As sementes são dispersas pelo vento.

A madeira é eventualmente usada em obras internas e em confecção de móveis simples, caixotes, brinquedos, tamancos e utensílios domésticos. A casca viva foi muito usada no meio rural para, mediante fermentação, fazer um tipo de vinho caseiro. 3) Flores: fonte de recursos para insetos; alimento para psitacídeos. 4) Goma: alimento para primatas do gênero Callithrix. 4) Espécie: arborização urbana e rural; recomposição de áreas desmatadas.

Colher as sementes quando os frutos estiverem no início da deiscência. Realizar a semeadura em canteiros construídos com terra argilo-arenosa misturada com esterco curtido na proporção de 2:1. Manter os canteiros sob leve sombreamento e o substrato sempre úmido. Realizar a repicagem quando as plântulas atingirem 3-4cm de altura. Plantar as mudas em áreas ensolaradas ou parcialmente sombreadas que, de preferência, tenham solos idênticos aos dos habitats da espécie. Deve-se esperar que as plantas apresentem crescimento entre moderado e lento.

Nota: Barbosa et al. (1999) estudaram os efeitos da luz e da temperatura na germinação e no crescimento inicial de V. tucanorum em solos de cerrado e de floresta sob diferentes níveis de radiação solar. As principais conclusões foram as seguintes: 1) a luz favoreceu a germinação, exceto sob temperatura constante de 25ºC; 2) nesta temperatura, ocorreu a maior porcentagem de germinação; 3) as plântulas mostraram-se indiferentes ao tipo de solo; 4) o sombreamento promoveu incremento na altura das plantas; e 5) a massa seca total das plântulas foi maior sob a radiação de 45% da luz solar.

Nota: Pelas razões citadas para V. haenkeana, é razoável esperar que os indivíduos de V. tucanorum apresentem crescimento rápido quando plantados pelo homem, seguindo o exemplo de V. pyramidalis, também abordada neste trabalho.

V. tucanorum predomina em terrenos favoráveis para prática de atividades agropastoris, mas tem ampla distribuição, ocorre também em áreas de preservação permanente (florestas-galerias) e conta com populações em unidades de conservação de proteção integral na Região Geoeconômica de Brasília,. Por esses motivos, pode ser considerada uma espécie não vulnerável à extinção nessa região.

Árvore florida em cerrado às margens de floresta ribeirinha. Bom Despacho (MG), 18-12-2013

Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Bom Despacho(MG), 18-12-2013

Inflorescência e folhas. Bom Despacho (MG), 18-12-2013

Frutos quase maduros e folhas senescentes. Luziânia (GO), 21-08-2013

LITERATURA
BARBOSA, A.R. et al. 1999. Effect of light and temperature on germination and early growth of Vochysia tucanorum Mart., Vochysiaceae, in cerrado and forest soil under different radiation levels. Revista Brasileira de Botânica v.22, n.2, (suplemento), p.275-280.
FRANÇA, F. 2005. Vochysiaceae In: CAVALCANTI, .T.B. & RAMOS, A.E. (eds.). Flora do Distrito Federal, Brasil. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, v.4, p.79-106.
GONÇALVES, D.J.P. et al. 2013. Vochysiaceae from Serra da Canastra National Park, Minas Gerais, Brazil. Rodriguésia, v.64, n.4, p.863-875.
LORENZI, H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, v.1, 1a ed., p.351.
OLIVEIRA, P.E. & GIBBS, P.E. 1994. Pollination and breeding systems of some Vochysia species (Polygalales-Vochysiaceae) in Central Brazil. Journal of Tropical Ecolology, v.10, p.509-522.
SILVA JÚNIOR, M.C. & PEREIRA, B.A.S. 2009. + 100 Árvores do Cerrado: Matas de Galeria: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado, p.194-195.
SOUZA, L.F. 2014. A família Vochysiaceae A.St.-Hil. na microrregião Sudoeste Goiano. Revista de Biologia Neotropical, v.11, n.1, p.1-10.
STAFLEU, F.A. 1948. A monograph of the Vochysiaceae. I. Salvertia and Vochysia. Recueil des Travaux Botanique Néerlandaise, v.41, p.397-540.
Vochysiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15302>. Acesso em: 20 Fev. 2019.
 
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