Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni

Guapevinha, guapevinha-roxa, leiteiro

Árvore inerme, latescente, caducifólia a subcaducifólia, heliófila, monoica, com até 12 m de altura de 30 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma variando de cinzento a quase preto, sulcado e descamante; casca interna rósea a vermelha. Madeira pesada, com cerne amarelo a marrom-claro. Folhas simples, alterno-espiraladas, discolores, glabras ou pubescentes, de margem inteira, com 5-12 x 3-5 cm; pecíolo com 2-3,5 cm de comprimento. Flores em fascículos ou solitárias, pediceladas, verde-amareladas, diclamídeas, pentâmeras,  actinomorfas, andróginas ou femininas; corola ciatiforme, com 3-4 mm de comprimento. Frutos globosos a elipsóides, lisos, glabros, monospermos, suculentos, vináceos ou roxos e com  1-2 cm diâmetro quando maduros. Sementes marrons, globosas a elipsoides, com 8-12 mm de comprimento e com hilo estreito.

Ocorre no Paraguai, Bolívia e no Brasil, em toda a região Sudeste, na maioria dos estados da região Nordeste, nos estados do Paraná, Santa Catarina, Acre, Amazonas, Goiás e no Distrito Federal, devendo ocorrer também em Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. É uma espécie com distribuição bastante descontínua no Cerrado, com registros em florestas ribeirinhas, florestas subcaducifólias e cerradões de áreas por vezes muito distanciadas.

Perde totalmente (ou apenas parcialmente) a folhagem no meado da estação seca. Floresce em setembro e outubro, já com folhas desenvolvidas, e apresenta frutos maduros em dezembro e janeiro. As flores são frequentadas por abelhas de pequeno porte, que são consideradas os seus polinizadores. Os frutos são apanhados por macacos, morcegos, aves e animais terrestres como o veado-mateiro e porco-do-mato, sem que se saiba quais são os reais dispersores das sementes, .

A madeira é considerada resistente e fácil de trabalhar, o que a leva a ser considerada boa para obras externas e internas e principalmente para confecção de móveis, escadas, tacos, portas, janelas e peças para estruturas de telhado. As flores oferecem néctar e pólen aos seus visitantes. Os frutos entram na dieta de animais arborícolas e terrestres e, apesar de serem pequenos e latescentes, são apreciados por moradores do meio rural. A espécie é indicada para arborização urbana e especialmente para recomposição de áreas desmatadas, devido à diversidade de animais que se alimentam dos seus frutos.

É propagada por sementes, que que devem ser lavadas e postas para secar à sombra antes de serem postas para germinar. As sementes apresentam dormência tegumentar e quando não recebem nenhum beneficiamento demoram 40 e 120 dias para germinar. Todavia, quando elas são deixadas em secagem durante 10 a 15 dias, o tegumento se solta e se elas forem retiradas cuidadosamente e postas para germinar logo após esse processo, a germinação se dá de maneira uniforme e num prazo de 15 a 40 dias. A semeadura pode ser realizada em sacos de polipropileno de 25 x 15 cm, com substrato constituído de terra argiloso-arenosa misturada com matéria orgânica decomposta, na proporção de 1:1.

P. gardneri ocorre em áreas disjuntas, por vezes muito distantes umas das outras, eventualmente é objeto de corte para uso da madeira e predomina em áreas preferenciais para atividades agropastoris. Por outro lado, tem ampla dispersão no Cerrado e aparentemente está presente em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.

Indivíduo em floresta estacional subcaducifólia convertida em pastagem. Bom Despacho (MG), 17-08-2014

Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Coromandel (MG), 17-09-2014

Flores. Coromandel (MG), 17-09-2014

Frutos maduros. Coromandel (MG), 11-12-2014

LITERATURA
ALVES-ARAÚLO, A.; SWENSON, U. & ALVES, M. 2014. A Taxonomic survey of Pouteria (Sapotaceae) from the Northern Portion of the Atlantic Rainforest of Brazil. Systematic Botany, v.39, n.3, p.915–938.
ALVES-ARAÚJO, A. & AMARAL, R.N. Pouteria in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB14515>. Acesso em: 05 dez. 2022.
LORENZI, H. 1998. Árvores brasileiras: manual de identificação de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, v.1, 1a ed., p.318.
MONTEIRO, M.H.D.A, NEVES, L.J & ANDREATA, R.H.P. 2007.Taxonomia e anatomia das espécies de Pouteria Aublet (Sapotaceae) do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Pesquisas, Botânica, v.58, n.7-118.
 PENNINGTON, T.D. 1990. Sapotaceae. Flora Neotropica Monograph, n.52, p.1-470.
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