Astronium graveolens Jacq.

Gonçalo, gonçalo-alves, aroeira, guaritá, gibatão

Árvore inerme, caducifólia, helióifila, dioica, resinífera, até 25 m de altura e 60 cm de DAP; estruturas vegetativas e reprodutivas odoríferas. Ritidoma cinzento a pardacento, irregularmente dividido, com áreas mais claras decorrentes do desprendimento de fragmentos de cortiça em diferentes épocas; casca interna róseo-avermelhada. Madeira muito dura, castanha ou marrom. Folhas alternas, imparipinadas, glabras ou pubescentes, com 9-17 folíolos; raque roliça, canaliculada no pulvino; folíolos odoríferos, (sub)opostos, curto-peciolulados, assimétricos, de 6-10 x 2,5-4 cm, com base obtusa a arredondada e ápice agudo a acuminado, de cor amarelada a alaranjada na senescência. Inflorescências paniculadas, terminais, glabras, largas, densas, com 15-35 cm de comprimento. Flores amarelo-esverdeadas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, hermafroditas ou unissexuais, com 3-4 mm de comprimento. Fruto fusiforme, pardacento, seco, rugoso, graveolente quando esmagado, de 12-16 3 x 4 mm, com cálice membranáceo, persistente, funcionando como aparato de dispersão pelo vento. Semente aderente ao frutos, alvacenta, algo esponjosa, pouco menor que o fruto.

Ocorre no México, América Central, norte da América do Sul e Brasil, nas unidades federativas das regiões Centro-Oeste e Sudeste, no Paraná e em parte dos estados das regiões Norte e Nordeste.   É frequente na maior parte do Cerrado,  em florestas estacionais subcaducifólias e caducifólias, florestas ribeirinhas e cerradões.

Perde a folhagem na estação seca, floresce em julho e agosto e apresenta frutos maduros em setembro e outubro. As flores são frequentadas por himenópteros, com destaque para abelhas, que devem ser os seus polinizadores. Os frutos são dispersos pelo vento.

A madeira de A. graveolens, por possuir alta resistência a esforços e a agentes decompositores, é usada em obras internas e externas, no campo e nas cidades, e em confecção de móveis. Os frutos são consumidos por psitacídeos e as flores oferecem néctar e pólen aos são frequentadores. A casa e as folhas são usadas na fitoterapia popular, contra úlceras de pele, úlcera gástrica, hemorroida e diarreia. Análises realizadas por Vilari (2011) levaram à constatação de que o extrato etanólico das raízes, caule e galhos dessa árvore  possui  substâncias tóxicas para a formiga cortadeira (Atta sexdens rubropilosa) e o seu fungo simbionte Leucoagaricus gongylophorus; bem como ao isolamento de diversos flavonoides, compostos fenólicos e chalconas dimeras. A espécie reúne atributos que a torna recomendável para arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas e reflorestamentos para produção de madeira de elevada durabilidade natural.

 É propagada por sementes, utilizando-se os frutos inteiros, sem o cálice, que devem ser postos para germinar em recipientes contendo areia. A emergência das plântulas ocorre num prazo de 15-20 dias, a taxa da germinação é da ordem de 75%% e o crescimento das plântulas é moderado. As sementes podem ser guardadas por até 4 meses em condições ambientes, sem perdas significativas no poder germinativo.

Tem ampla dispersão no Cerrado e está presente em várias unidades de conservação de proteção integral e áreas de preservação permanente nesse bioma. Porém, predomina em terrenos preferenciais para atividades agropastoris e alvo corte para utilização da madeira.

Indivíduo em floresta estacional subcaducifólia convertida em pastagem. Uberlândia (MG), 27-04-2015

Superfície do ritidoma. Coromandel (MG), 01-02-2014

Folhas: folíolos na face adaxial. Uberlândia (MG), 31-11-2021

Inflorescência no início da abertura das flores. Uberlândia (MG), 27-07-2021

Frutos maduros com e sem o cálice. Referência: moeda de 10 centavos de real. Campo Florido (MG), 03-10-2021

LITERATURA
MITCHELL, J.D. & DALY, D. 2017. Notes on Astronium Jacq. (Anacardiaceae), including a dwarf new species from the Brazilian Shield. Brittonia, v.69, n.4, p.457-464.
SANTIN, D.A. 1989. Revisão taxonômica do gênero Astronium Jacq. e revalidação do gênero Myracrodruon Fr. All. Dissertação (mestrado), Universidade Estadual de Campinas, 187 f.
Silva-Luz, C.L.; Pirani, J.R.; Pell, S.K.; Mitchell, J.D. 2020. Anacardiaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB4385>. Acesso em: 18 jul. 2021.

 

 

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