Introdução

O Cerrado é segundo maior bioma brasileiro em extensão territorial, com uma área estimada entre 1.800.000 e 2.000.000 km2, o que corresponde a quase 1∕4 do território nacional. A sua extensão somente é superada pela do Bioma Amazônia.

Esse bioma está compreendido num espaço de largura variável que se estende do nordeste do Paraná ao leste da região Nordeste brasileira, fazendo limites com quatro dos cinco outros biomas nacionais: Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal. Esse espaço abrange 12 das 27 unidades federativas do Brasil e a maior parte das principais bacias hidrográficas do país.

Essa extensão territorial e posição geográfica fazem do Cerrado um bioma altamente diverso em litologias, relevo, solos, altimetria, hidrografia, médias de variáveis climáticas e, consequentemente, em vegetação e flora. A diversidade da vegetação está exposta no trabalho de Ribeiro e Walter (2008), onde estão descritos 11 tipos e 14 subtipos fitofisionômicos para esse bioma. A diversidade florística está indicada no trabalho de Mendonça et al (2008), onde estão listadas 11.200 espécies nativas de fanerógamas para esse espaço biogeográfico.

Um levantamento por nós realizado* mediante visitas presenciais e virtuais a herbários, acessos a sites especializados em botânica, análises de revisões taxonômicas e excursões ao campo levou-nos a constatar que cerca de 10% dessas espécies enquadram-se no conceito de árvore que consideramos mais adequado para a vegetação do Cerrado.  Ou seja, formam indivíduos lenhosos que na fase adulta tem tronco único ou múltiplo com origem na base; galhos concentrados no alto do(s) tronco(s), formando uma copa; e no mínimo 3 m de altura.

Este site foi planejado e está sendo construído para ser um espaço onde o consulente poderá encontrar informações sobre a nomenclatura, as principais características morfológicas, a distribuição geográfica, os habitats, a fenologia, a biologia reprodutiva, as utilidades, os modos de multiplicação e o status de conservação das espécies arbóreas do Cerrado. O plano é contemplar essas espécies com textos e fotografias, o que deverá ser feito gradativamente, devido ao seu elevado número, à grande extensão do bioma e à raridade e às particularidades da distribuição de uma parte delas. Por estas razões, e devido ao constante surgimento de novos dados e informações na literatura botânica, o site estará em constante atualização.

Alguns analistas consideram que a destruição, a fragmentação e o descuido com a vegetação do Cerrado foram e continuam tão fortes que, hoje em dia, toda planta que nasce nas áreas naturais desse bioma, mesmo naquelas protegidas por lei, já nasce ameaçada de desaparecer. Esperamos que este trabalho venha a se constituir em um instrumento que ajude a tornar as espécies arbóreas do Cerrado mais conhecidas e valorizadas e, desta forma, contribua para a redução do desapreço que ainda prepondera com relação aos recursos bióticos desse extenso, rico e vulnerável bioma.

LITERATURA CONSULTADA
ADÁMOLI, J. et al. 1986. Caracterização da região dos Cerrados. In: GOEDERT, W.J. (Ed.) Solos dos Cerrados: tecnologias e estratégias de manejo. Brasília, DF: EMBRAPA, CPAC; São Paulo: Nobel, p.33-74.
AGUIAR, L.M.S. et al. 2004. A diversidade biológica do Cerrado. In: AGUIAR, L.M.S. & CAMARGO, A. (Eds.). Ecologia e caracterização do Cerrado. pp. 19-42. Planaltina: Embrapa Cerrados, p.19-42.
KLINK, C.A. & MACHADO, R.B. 2005. A conservação do cerrado brasileiro. Megadiversidade, v.1, n.1, p.148-155.
REATTO, A. et al. 2008. Solos do bioma Cerrado: aspectos pedológicos. In: SANO, S.M. et al. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Brasília: Embrapa Cerrados e Embrapa Informação Tecnológica, v.1, p. 107-149.
RIBEIRO, J.F.& WALTER, B.M.T. 2008. As principais fitofisionomias do bioma Cerrado. In: SANO, S.M. et al. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Brasília: Embrapa Cerrados e Embrapa Informação Tecnológica, v.1, p. 151-209.
SILVA, F.A.M. et al.. 2008. Caracterização climática do Cerrado. In: SANO, S.M. et al. (Eds.).Cerrado: ecologia e flora. Brasília: Embrapa Cerrados e Embrapa Informação Tecnológica, v.1, p. 69-88.
*Ricardo Flores Haidar (engenheiro florestal, mestre em Ciências Florestais e doutor em Ecologia) e Marina de Lourdes Fonseca (curadora do herbário IBGE) tiveram participação ativa e decisiva na realização desse levantamento.
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