Eriotheca candolleana (K.Schum.) A.Robyns

Paineira, paineira-da-mata

Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, de até 20 m de altura. Tronco retilíneo, cônico, com sapopemas, de até 50 cm de DAP.  Casca externa espessa,  com ritidoma escuro, sulcado e descamante; casca interna  rosada , fibrosa, com alto teor de umidade. Madeira leve, marrom-clara tendendo a bege. Folhas digitadas, alternas, ferrugíneo-tomentosas, com 5-9 folíolos; pecíolo de até 11 cm de comprimento;  folíolos curto-peciolulados, obovados a elípticos, de margem inteira, de 5-10 x 2,5-4,5 cm. Inflorescências cimosas, tomentosas, multifloras. Flores diclamídeas, pentâmeras,  actinomorfas, hermafroditas, tomentosas, com 3-4 cm de comprimento; receptáculo com 5 nectários enegrecidos; corola branco-rosada, com pétalas reflexas. Frutos  obovoides, secos, deiscentes, polispermos, ferrugíneo-pilosos, de 4-6 x 3,5-4,5 cm. Sementes subglobosas, envolvas em paina branco-encardida a marrom-clara, com 4-6 x 4-5 mm.

Ocorre nos estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste e no Distrito Federal e na Bahia. É encontrada em florestas estacionais perenifólias e subcaducifólias e em florestas-galerias associadas a solos bem drenados e com média alta fertilidade. Distribui-se por uma significativa parte da área de abrangência do Cerrado, geralmente com baixa frequência e pequena abundância.

Perde uma substancial parte da folhagem na estação seca, floresce entre junho e agosto e apresenta frutos maduros de setembro a novembro. As flores são de antese crepuscular e tudo indica que são polinizadas por mariposas; mas mantêm-se abertas durante o dia,  recebendo visitas de abelhas, vespas, borboletas e beija-flores. As sementes são predadas por psitacídeos quando os frutos estão em maturação.

A madeira é eventualmente utilizada para construir forros e para confeccionar comedouros para gado, gamelas, caixotes, brinquedos e esculturas. A paina pode ser usada para preencher almofadas e travesseiros. As flores são fonte de néctar para insetos e beija-flores. As sementes entram na dieta de psitacídeos, quando os frutos estão em maturação. A espécie é indicada arborização de fazendas e de parques e jardins espaçosos, bem como para recomposição de áreas desmatadas.

As sementes perdem rapidamente a viabilidade, devendo ser postas para germinar logo após a abertura dos frutos. Recomenda-se  realizar a semeadura em canteiros ou em recipientes parcialmente sombreados, contendo terra argilo-arenosa misturada com esterco bovino na proporção de 2:1.  As mudas devem ser plantadas em áreas ensolaradas ou moderadamente sombreadas que tenham solos reconhecidamente férteis ou tenham recebido adições de calcário, matéria orgânica e NPK, após análise físico-química.

E. candolleana tem distribuição relativamente ampla no Cerrado e ocorre em áreas preferenciais para atividades agropastoris, constituídas  por fragmentos florestais sujeitos a incêndios e invasões de gado. Todavia, ocorre também em áreas de preservação permanentes (florestas-galerias) e em unidades de conservação de proteção integral.

Base do tronco e superfície do ritidoma de indivíduo em floresta ribeirinha. Vicente Pires (DF), 14-07-2007

Folha. APA do Gama e Cabeça de Veado (DF), 11-10-2021

Flores e botões florais. Vicente Pires (DF), 14-07-2007

Frutos imaturos. Vicente Pires (DF), 02-09-2007

LITERATURA
DUARTE, M.C. 2010. Análise filogenética de Eriotheca Schot & Endl. e gêneros afins (Bombacoideae, Malvaceae) e estudo taxonômico de Eriotheca no Brasil. Tese (doutorado), Instituto de Botânica. São Paulo, 190 p.
DUARTE, M.C et al. 2007. Bombacaceae In:  WANDERLEY, M.G.L. et al (cords.)  Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, v.5, p.21-37. 
Duarte, M.C.; Yoshikawa, V.N. Eriotheca in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB25739>. Acesso em: 28 mai. 2023.
LORENZI, H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, v. 1, 1a ed., 352 p.
SILVA JÚNIOR, M.C. & PEREIRA, B.A.S. 2009. + 100 Árvores do Cerrado: Matas de Galeria: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado, p.206-207.
YOSHIKAWA, V.N. 2019. Estudo taxonômico e biogeográfico de Bombacoideae Burnett (Malvaceae) no Cerrado brasileiro. Dissertação (mestrado), Universidade de Mogi das Cruzes (SP), p 158.

 

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