Duguetia lanceolata A.St.-Hil.

Araticum-bravo, pinha-brava, embireira, embira, pindaíba

Árvore inerme, perenifólia, heliófila, monoica, até 22 m de altura e 40 cm de DAP; folhas, casca e frutos com odor característico, derivado de óleos voláteis. Ritidoma cinzento a pardacento, muito dividido longitudinalmente; casca interna avermelhada, fibrosa. Madeira pesada, marrom-clara.  Folhas simples, alternas, coriáceas, glabras, com 6-10 x 3-4 cm. Flores hermafroditas, diclamídeas, isoladas ou em fascículos paucifloros, com 2,5-4 cm de compr., com cálice verde e corola variando de esverdeada a vermelha, com pétalas dispostas em dois verticilos trímeros. Frutos globosos, com 8-12 cm de diâmetro, formado por um grande número de carpídios obovados, apiculados, vermelho-escuros, parcialmente suculentos e com 10-15 mm de comprimento na maturação. Sementes escuras, duras, com o mesmo formato e mais ou menos a metade do tamanho dos carpídios.

Está citada na Flora do Brasil 2020 em construção para Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará, mas deve ocorrer em outros estados brasileiros. Foi amostrada em levantamentos realizados  em florestas estacionais subcaducifólias e  florestas ribeirinhas do sul e sudeste da área de abrangência do Cerrado.

Floresce entre outubro e dezembro e apresenta frutos maduros de janeiro a março. As flores tornam-se férteis durante o dia e são polinizadas por pequenos besouros. As sementes parecem ser dispersas por aves e animais terrestres.

A madeira de D. lanceolata pode ser empregada em confecção de portas, janelas, esquadrias, caibros, móveis, postes e estacas e moirões para cercas. A casca e as folhas são utilizadas na fitoterapia popular, como cicatrizante, antimicrobiano e anti-inflamatório. Sousa et al. (2004) e Souza et al. (2008) constataram que a casca e as folhas dessa espécie possuem substâncias com atividade antinociceptiva e anti-inflamatória.  Pereira (2018) constatou que as folhas contêm também metabólitos com ação contra o protozoário Trypanossoma cruzi e os fungos Candida albicans, Cryptococcus neoformans e Saccharomyces cerevisiae. Os frutos maduros atraem aves e primatas, que se alimentam dos carpídios, e estes, quando caem, são apanhados por roedores e provavelmente outros animais terrestres. Seres humanos também se alimentam dos carpídios, apesar de sua pequena quantidade de polpa.

As sementes de D. lanceolata, assim como as de Guatteria sellowiana, têm aparência e morfologia similares às de várias anonáceas que possuem dormência causada por presença de embrião imaturo e de substâncias que inibem o processo de germinação. É provável que as sementes dessa espécie demorem para germinar, apresentem baixas taxas de germinação e requeiram tratamentos especiais para uma boa germinação. Torna-se importante citar que Assis et al (2018) constaram experimentalmente que sementes escarificadas mecanicamente e imersas em solução contendo ácido giberélico na concentração de 10 mg L-1 apresentaram maior porcentagem de germinação. O desenvolvimento das plântulas e dos indivíduos juvenis no campo, pelas características da espécie dos seus habitats, pode ser suposto como moderado.

D. lanceolata ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas), mas tem distribuição relativamente restrita no Cerrado e não possui registros de ocorrência em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma. Além disso, predomina em fragmentos florestais que tendem a se tornar cada vez menores e estão sempre sujeitos a derrubadas de árvores, incêndios e invasões de gado.

No centro, indivíduo em floresta estacional subcaducifólia. Araguari (MG), 14-07-2017

Superfície do ritidoma. Araguari (MG), 14-07-2017

Flores e folhas. Abadia dos Dourados (MG), 11-11-2014

Fruto maduro liberando os carpídios. Araguari (MG), 28-02-2016

 LITERATURA

ASSIS, K.C.C. et al. 2018. Germinação de sementes e avaliação do desenvolvimento inicial de plântulas de Duguetia lanceolata ST. HIL: influência de GA3 e métodos de escarificação. Disponível: https://jornada.ifsuldeminas.edu.br/index.php/jcmuz2/jcmuz2/paper/viewFile/3678/3213, acesso em: 18 jan. 2021.
GOTTSBERGER, G. 2014. A evolução da biologia reprodutiva de Annonaceae. Revista Brasileira de Fruticultura, v.36, número especial 1, p. 32-43.
LOBÃO, A.Q. 2020. Duguetia in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB110319>. Acesso em: 11 jul. 2021.
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LORENZI, H. et al. 2000. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura). Nova Odessa (SP): Instituto Plantarum, 1a. ed., 627 p.
MAAS, P.J.M. et al. 2003. Duguetia. Flora Neotropica Monograph, v.88, p.1-274.
 MAAS, P.J.M. et al. 2002. Annonaceae from Central-eastern Brazil. Rodriguésia, v.52, n.1, p.61-94.
PEREIRA, E.D. 2018. Duguetia lanceolata St. -Hil (Annonaceae): composição química da fração alcaloídica e do óssencial e avaliação da atividade anti-Trypanosoma cruzi e antimicrobiana. Dissertação (mestrado), Universidade Federal de São Paulo, 161 p.
SOUSA, O.V. et al. 2004. Atividades antinociceptiva e antiinflamatória do óleo essencial de cascas de Duguetia lanceolata St. Hil., Annonaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 14, (supl. 1), p.11-14.
SOUSA, O.V. et al. 2008. Efeitos antinociceptivo e antiinflamatório do extrato etanólico das folhas de Duguetia lanceolata St.-Hil. (Annonaceae). Latin American Journal of Pharmacy,  v.27, n.3, p.398-4-2.
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