Paineira, paineira-do-cerrado
Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monóica, até 15 m de altura e 40 cm de DAP. Casca externa cinzenta a pardacenta, irregularmente sulcada e fendilhada; casca interna fibrosa, avermelhada, com veios brancacentos a esverdeados. Madeira leve, marrom-clara tendendo a bege. Folhas digitadas, alternas, tomentosas, com 3-5 folíolos sésseis a subsésseis; folíolos coriáceos, obovados, de margem inteira, com 6-15 x 4-7 cm. Inflorescências cimosas, bifloras ou multifloras, pilosas. Flores diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, hermafroditas, com ± 120 estames e 4-5 cm de comprimento; corola branca a branco-amarelada, com pétalas reflexas, velutinas. Frutos obovoides, secos, deiscentes, polispermos, velutinos, com 6-9 x 7-10 cm. Sementes subglobosas, envolvas em paina marrom, com 6-7 x 5-6 mm.
Ocorre em todas as unidades federativas da região Centro-Oeste e nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Tocantins. Está presente na maior parte da área de abrangência do Cerrado, ocorrendo em cerradões e em cerrados ralos, médios e densos, algumas vezes com alta frequência.
Perde a folhagem na estação seca. Floresce de julho a agosto e dispersa as sementes entre setembro e novembro. Oliveira et al. (1992) constataram que as flores abrem-se no final do dia, produzem néctar durante 2-3 dias e são polinizadas por abelhas dos gêneros Xylocopa e Centris. Nos indivíduos estudados, as flores apresentaram apomixia estimulada por polinização. Assim como em E. gracilipes, flores são danificada pela abelha irapuã ou irapuá (Trigona spinipes) e as sementes dos frutos em maturação são predadas por psitacídeos.
A madeira é utilizada para confeccionar comedouros para gado, gamelas, caixotes, brinquedos e esculturas. A paina é usada para fazer almofadas e travesseiros. As flores são fonte de néctar pólen para insetos e de néctar para beija-flores. As sementes dos frutos em maturação entram na dieta de psitacídeos. A espécie é indicada para arborização urbana e rural e para recomposição de áreas desmatadas.
As sementes perdem rapidamente a viabilidade, devendo ser postas para germinar logo após a abertura dos frutos. Recomenda-se realizar a semeadura em canteiros ou em recipientes parcialmente sombreados, contendo terra argilo-arenosa misturada com esterco bovino na proporção de 2:1. As mudas devem ser plantadas em áreas ensolaradas que tenham solos de média ou que tenham recebido adições de calcário, matéria orgânica e NPK, após análise físico-química.
E. pubescens predomina em áreas favoráveis para atividades agropastoris. No entanto, tem ampla dispersão no Cerrado e está presente em várias unidades de conservação de proteção integral.
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