Tapura amazonica Poepp. & Endl. var. amazonica

Fruta-de-bicho

Em construção

Árvore inerme, heliófila, perenifólia a subcaducifólia, dioica, de até 12 m de altura e 25 cm de DAP. Tronco geralmente retilíneo. Casca moderadamente espessa; ritidoma cinzento a pardacento, fissurado, sulcado e descamante; casca interna amarelada. Madeira pesada; cerne variando de amarelado-pardacento a marrom-claro. Copa moderadamente esgalhada; râmulos roliços, amarronzados ou cinzentos, tomentosos quando jovens. Folhas simples, alternas; pecíolo tomentoso, canaliculado, de 1-2 cm de comprimento; lâmina discolor, subcoriácea, geralmente elíptica; de margem inteira, esbranquiçada e revoluta; glabra na face adaxial e tomentosa na abaxial, de 5-18 x 3-8 cm, com ápice obtuso a acuminado. Inflorescências glomerulares, tomentosas, de 1,5-2,5 cm de comprimento, situadas no ápice dos pecíolos. Flores (sub)sésseis, amarelo-claras, tomentosas, diclamídeas, pentâmeras, zigomorfas, andróginas, perfumadas, de ± 4 mm de comprimento; cálice e corola tubulosos, pentalobados; androceu com 3 estames e 2 estaminódios; ovário súpero, trilocular, com 6 óvulos. Fruto drupa elipsoide, tomentosa, monosperma, de 2-3 x 1,5-2, com epicarpo velutino, amarelo na maturação; mesocarpo espesso, carnoso, adocicado; e endocarpo lenhoso, rijo. Semente alvacenta, ovalada, com tegumento fino e menos da metade do tamanho do fruto.

Possui registros de ocorrência nas Guianas e nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso e Goiás, e no Distrito Federal. Ocorre em cerca da metade da área de abrangência do Cerrado, em florestas ribeirinhas situadas em solos bem drenados, florestas estacionais subcaducifólias e eventualmente em cerradões. É frequente em muitas localidades da sua área de dispersão nesse bioma.

Reproduz-se ao longo de quase todo o ano, mas com maior índice de florescimento entre setembro e dezembro e de produção de frutos maduros de abril a junho. As flores recebem visitas de abelhas de pequeno e médio porte. As sementes são dispersas por morcegos, aves de grand).e porte e, aparentemente, por primatas e mamíferos terrestres.

A madeira é utilizada em escala local e de forma eventual, como fonte de energia, em obra internas e para confeccionar móveis. As flores são fontes de recursos para abelhas. Os frutos servem de alimento para uma grande variedade de membros da fauna silvestre As raízes possuem metabólitos com potente ação contra larvas de Aedes aegypti (Pohlit et al., 2004). A espécie pode ser empregada em arborização urbana e é altamente para recomendável para recomposição de áreas desmatadas, devido à sua para a importância.
Para a formação de mudas de Tapura amazonica var. amazonica utiliza-se as sementes, que conforme o estudo de Monteiro & Ramos (1997), não precisam ser removidas do endocarpo para apresentarem uma boa taxa de germinação. No entanto, elas devem ser oriundas de frutos recém-colhidos e o endocarpo devem estar completamente livre de resquícios do mesocarpo. As semeadura pode ser realizada em sementeiras contendo uma mistura de terra areno-argilosa com esterco curtido, na proporção de 2:1, ou em recipientes de ± 20 x 10 cm, contendo o mesmo tipo de substrato. O local deve ser medianamente sombreado.
Tapura amazonica var. amazonica tem distribuição relativamente restrita no Cerrado e ocorre em formações florestais com solos preferenciais para a prática de atividades agropastoris. Por outro lado, ocorre também em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.

Comentário

Prance (1972) reconhece três variedades em T. amazonica: a típica (amazonica, aqui caracterizada morfologicamente e quanto à área de dispersão) e a manauensis, com folhas menores, de ápice retuso a agudo e restrita à região de Manaus (AM). 

 

Indivíduo jovem em margem de rodovia atravessando floresta ribeirinha. Brasília (DF), 11-11-2018

Superfície do ritidoma. Brasília (DF), 11-11-2018

Inflorescências. Brasília (DF), 11-11-2018

Frutos jovens. Brasília (DF), 30-04-2017

LITERATURA
FIASCHI, P.; MARINHO, L.C. & AMORIM, A.M.A. 2020. Dichapetalaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB7333>. Acesso em: 07 set. 2021.
IBGE. 2002. Árvores do Brasil Central: espécies da Região Geoeconômica de Brasília. Rio de Janeiro: IBGE, 417 p.
MONTEIRO, P.P.M. & RAMOS, F.A. 1997. Beneficiamento e quebra de dormência de sementes em cinco espécies florestais do cerrado. Revista Árvore, v.21, n.2, p.169-174.
POHLIT, A.M. et al. 2004. Screening of plants found in the State of Amazonas, Brazil for activity against Aedes aegypti larvae. Acta Amazonica, v.34, n.1, p.97-105.
PRANCE, G.T. 1972.  Dichapetalaceae. Flora Neotropica Monograph, v.10, p.1-84.
 SILVA JÚNIOR, M.C. & PEREIRA, B.A.S. 2009. + 100 Árvores do Cerrado: Matas de Galeria: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado, p.62-63.
SOUZA, E.N.F. & PROENÇA, C.E.B. 2011. Dichapetalaceae. In: CAVALCANTI, T.B. & SILVA, A.P. (orgs.) Flora do Distrito Federal, Brasil. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, v.9, p.97-101.
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