Árvore inerme, subcaducifólia, heliófila, monoica, com até 15 m de altura e 35 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma muito dividido, cinzento na superfície; casca interna avermelhada. Madeira pesada, com cerne amarronzado, uniforme. Folhas alternas, glabras, imparipinadas, com 13-21 folíolos; pecíolo e raque totalizando 10-25 cm de comprimento; folíolos lustrosos, alternos, curto-peciolulados, ovados a elípticos, emarginados, de 2-3,5 x 4-6 cm. Inflorescências glabras, de 4-8 cm de comprimento, agrupadas em fascículos de 2 ou 3 na axila das folhas subterminais. Flores amareladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, perfumadas, de ± 5 x 4 mm. Frutos secos, compressos, alados, indeiscentes, monospermos, de 3,5-5 x 1,5-2,5 cm, com núcleo seminífero basal, lenhoso, e de cor paleácea ou marrom na maturação. Sementes amareladas a marrom-claras, achatadas, elípticas ou ovaladas, duras, de ± 1,5 x 1 cm.
Tem ocorrência confirmada para os estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil, para a maioria dos estados da região Nordeste e para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Habita formações florestais perenifólias e subcaducifólias em solos de média a alta fertilidade. Sua presença no Cerrado é mais notada no centro e norte do estado de São Paulo, em algumas partes do oeste de Minas Gerais e no vale do rio São Francisco, no contato deste bioma com a Caatinga. É também muito notada na área urbana de Brasília, onde foi introduzida há mais de 40 anos como árvore de sombra e embelezamento.
Perde parte das folhas na estação seca. Floresce entre novembro e fevereiro e apresenta frutos maduros entre maio e agosto. As flores são frequentadas por abelhas de pequeno e médio porte, que aparentemente são os seus polinizadores. As sementes são dispersas pelo vento, nos frutos, normalmente a curtas distâncias.
A madeira de P. nitens é apropriada para obras internas e externas e para confecção de móveis, laminados, tábuas para assoalho e carrocerias, tacos e tonéis, entre outros artefatos. As flores oferecem néctar e pólen aos seus visitantes. A espécie reúne atributos que a tornam altamente elegível para recomposição de áreas desmatadas; reflorestamentos para produção de madeira versátil e alto valor comercial; e arborização urbana. Esses atributos são: produção de grande quantidade de sementes com alto poder germinativo; rápido desenvolvimento das plântulas e dos indivíduos juvenis; indivíduos adultos com copa larga e densa, quando em áreas abertas; e oferta de recursos alimentares para a entomofauna.
Esta fabácea é propagada por sementes. Estas devem ser provenientes de frutos que ainda estão presos aos ramos e que estão com a coloração original: paleácea ou marrom. As sementes podem ser postas para germinar em recipientes de 25 x 15 cm ou em sementeiras, cotendo substrato rico em matéria orgânica. A rapidez e as taxas de germinação são mais elevadas quando as sementes são retiradas do núcleo seminífero ou este é cortado em um dos lados. Para o plantio deve-se utilizar mudas com no mínimo 20 cm de altura e preferir áreas ensolaradas que possuam solos argilo-arenosos e profundos.
P. nitens tem distribuição disjunta e relativamente restrita no Cerrado, predomina em áreas favoráveis para atividades agropastoris, é objeto de corte para uso da madeira e aparentemente está pouco representada em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.
Árvore em floresta estacional subcaducifólia convertida em pastagem. Pradópolis (SP), 03-03-2018
Superfície do ritidoma. Pradópolis (SP), 03-03-2018
Frutos. Nova Granada (SP), 07-10-2018
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Pterogyne nitens Tul. was last modified: agosto 3rd, 2022 por Benedito Alísio da Silva Pereira