Apeiba tibourbou Aubl.

Pau-de-jangada, escova-de-macaco, pente-de-macaco

Árvore inerme, subcaducifólia, heliófila, monoica, com até 12 m de altura e 40 cm de DAP; tronco único ou bifurcado na base, roliço ou acanalado  Tronco ereto ou inclinado, cônico, às vezes com sapopemas na base. Casca moderadamente espessa; ritidoma cinzento, íntegro ou superficialmente dividido e descamante; casca interna variando de brancacenta a amarelada. Madeira muito leve e porosa; cerne pardo-amarelado a marrom-claro. Folhas simples, alternas, pilosas; lâmina ovada, cordada, discolor, de margem parcialmente serreada e 15-30 x 10-15 cm; pecíolo de 1-2,5 cm de comprimento. Inflorescências opostas às folhas, ferrugíneo-pilosas, curtas; flores diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, pilosas, de 1,5-2,5 cm de comprimento; cálice formado por sépalas carnosas, ovadas, pontiagudas, glabras e amarelas internamente; corola com pétalas obovadas, amarelas a alaranjadas, menores que as sépalas. Frutos longitudinalmente compressos, circulares, sublenhosos, revestidos por cerdas marrons ou pardas, deiscentes, polispermos, com 6-8 cm de diâmetro. Sementes negras ou marrom-escuras, globosas, duras.

Ocorre em alguns países da América Central, nos países do norte da América do Sul e nas unidades federativas das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, sendo citada em alguns trabalhos também para a Bolívia, o Paraguai e o norte da Argentina. Está presente em toda a área de abrangência do Cerrado, onde é encontrada em florestas ribeirinhas e em florestas subcaducifólias e caducifólias, em grande parte das vezes como ocupante de áreas alteradas.

Perde uma substantiva parte das folhas no auge da estação seca e recompõe a folhagem após o começo da estação chuvosa. Floresce entre novembro e fevereiro e apresenta frutos maduros entre agosto e outubro. O período de floração é prolongado, porque as flores em cada inflorescência abrem-se aos poucos. As flores são frequentadas por insetos, com destaque para moscas. A dispersão das sementes é barocórica e eventualmente zoocórica.

A madeira de A.tibourbou, por flutuar com facilidade,  é utilizada em confecção de embarcações improvisadas, de pequeno porte, e de boias; sendo empregada também em obras protegidas que exijam material leve e em confecção de objeto artesanais. As fibras da casca são usadas como amarrilho. As flores oferecem recursos alimentares aos seus visitantes. A espécie reúne atributos que a torna altamente indicada para arborização urbana e para recomposição de áreas desmatadas em florestas de solos bem drenadas.

As sementes são pouco permeáveis à água e para germinarem mais rápido e de maneira uniforme precisam ser submetidas a tratamentos para  superação de dormência tegumentar, que conforme alguns estudos experimentais, podem ser um dos seguintes: 1) imersão em água quente a 80ºC; 2) choque térmico (com ou se hidratação); 3) escarificação do tegumento, com um abrasivo (p. ex., lixa d’água 80); ou escarificação com solução ácido sulfúrico por um minuto. A semeadura deve ser realizada imediatamente após o tratamento, em recipientes de 25 x 15 cm contendo terra argilo-arenosa misturada com matéria orgânica decomposta na proporção de 1:1. As mudas devem ser plantadas em solo idêntico ao dos habitats preferenciais da espécie, mas a experiência prática indica que elas desenvolvem-se satisfatoriamente também  em solos  pobres e ácidos, de cerrados.

A.tibourbou predomina em áreas visadas para extração de madeiras e exercício de atividades agropastoris. Por outro lado, tem ampla dispersão no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente e está presente em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.

Indivíduo florido, em clareira de floresta estacional caducifólia. Estrela do Sul (MG), 20-01-2018

Base do tronco de um indivíduo situado em floresta ribeirinha vinculada a solo sazonalmente úmido. Campo Florido (MG), 14-11-2021

Flor e botões florais. Estrela do Sul (MG), 20-01-2018

Frutos maduro. Tocantínia (TO), 27-08-2019

LITERATURA
ALMEIDA, S. P. et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina (DF): EMBRAPA-CPAC, 464 p.
COLLI-SILVA, M. 2020. Apeiba in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB9006>. Acesso em: 01 set. 2021.
GIRNOS, E.C. 1993. Morfologia, anatomia e aspectos da germinação de Apeiba tibourbou Aubl. (Tiliaceae). Tese (Doutorado), Universidade Estadual Paulista,  161 p.
IBGE. 2002. Árvores do Brasil Central: espécies da Região Geoeconômica de Brasília. Rio de Janeiro: IBGE, 417 p.
LORENZI, H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, v. 1, 1a ed., 368 p.
OLIVEIRA, A.C.B. ; ESTEVE, G.L. & CAVALCANTI, T.B. 2009. Tiliaceae. In: CAVALCANTI, T.B. & BATISTA, M.F. (orgs.). Flora do Distrito Federal, Brasil, v.7, p.267-312.
PACHECO, M.V. et al. 2007. Germinação de sementes de Apeiba tibourbou Aubl. em função de diferentes substratos e temperaturas. Scientia Forestalis, v.19, n.73, p.19-25.
PACHECO, M.V. & MATOS, V.P. 2009. Método para superação de dormência tegumentar em sementes de Apeiba tibourbou Aubl. Revista Brasileira de Ciências Agrárias (Agrária), v.33, n.1, p.131-140.
SOUZA, B.M. & ESTEVES, G. L. 2002. Tiliaceae. In: WANDERLEY, M.G.L. et al. (orgs.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, v.2, p.336.

 

Site Protection is enabled by using WP Site Protector from Exattosoft.com