Phyllanthus acuminatus Vahl

Carobinha, quebra-pedra

Árvore inerme, perenifólia ou subcaducifólia, heliófila a semi-esciófila, monoica, até 5 m de altura e 10 cm de DAP, com exsudato incolor; frequentemente arbusto. Ritidoma estreito, cinzento, íntegro, às vezes com lenticelas e verrugas; casca interna branco-amarelada. Madeira leve; cerne amarelado a branco acinzentado. Râmulos bipinatiformes, angulosos, pilosos, dispostos espiraladamente ao longo dos ramos maiores. Folhas simples, alternas, curto-pecioladas; lâmina membranácea a cartácea, ovada a elíptica, de margem inteira, glabra ou pilosa na face superior, pilosa na inferior, com 2-,5 x 1,5-2,5 cm. Inflorescências axilares, paucifloras, pilosas, unissexuais ou bissexuais; às vezes flores solitárias. Flores verde-claras a amareladas, monoclamídeas, de 1,5-3 mm de comprimento, com 6 sépalas concrescidas, bisseriadas, cada uma com um guia de néctar avermelhado; flores masculinas com pedicelos de 5-6 mm de comprimento e 3 filetes unidos; flores femininas com pedicelos de 5-11 mm de comprimento e ovário ínfero com 3 estiletes livres. Fruto trígono, seco, deiscente, polispermo, de ± 4 x 5 mm. Sementes  marrons ou avermelhadas, lisas, com uma fenda longitudinal, de ± 3 x 2,5 mm.

P. acuminatus distribui-se do México ao norte da Argentina, incluindo os países da América Central e de parte do Caribe. No Brasil a sua área de dispersão atualmente conhecida compreende os estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal. Ocorre em uma significativa parte da área de abrangência do Cerrado, mas é pouco frequente e encontrada apenas em florestas ribeirinhas e florestas estacionais subcaducifólias, na maioria das vezes em áreas alteradas.

Essa filantácea floresce entre outubro e dezembro e apresenta frutos maduros entre março e maio. As flores são frequentadas por abelhas silvestres de pequeno porte. A dispersão das sementes é barocórica.

A madeira de P. acuminatus não tem usos conhecidos, mas pode-se deduzir pelas dimensões dos troncos e por suas características físicas, que ser empregada em confecção de artefatos como caixotes, molduras, brinquedos e tamancos. As flores oferecem néctar a algumas espécies de abelhas silvestres. As sementes entram na dieta de aves terrícolas. As folhas e a casca do tronco são utilizadas na fitoterapia popular, contra nefrolitiase (cálculos renais), infecções no sistema urinário, diabetes e hpatite B. A folhagem possui uma aparência fora do comum, o que torna a espécie bastante  qualificada para uso em paisagismo. Esta possui atributos que a tornam indicada também para recomposição de áreas desmatadas.

Para formar mudas de P. acuminatus, deve-se utilizar sementes de frutos que estejam no início da desicência. A semeadura pode ser realizada em recipientes de ± 20 x 10 cm ou em sementeiras, para posterior repicagem das plântulas. O substrato pode ser uma mistura de areno-argilosa com esterco curtido, na proporção de 1:1, e o ambiente deve ser levemente sombreado.

P. acuminatus ocorre em muitas partes da área de abrangência do Cerrado e está presente em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e em unidades de conservação de proteção integral. Porém, não é muito frequente e ocorre também em áreas preferenciais para a prática de atividades agropastoris.

Comentários

1) A revisão de Calixto et al. (1998) traz dados de estudos químicos e farmacológicos que dão respaldo ao uso de espécies de Phyllanthus na fitoterapia popular, principalmente contra problemas renais. 2) O estudo de Andrade (2013) levou à constatação de que o extrato bruto do caule e da folha de P. acuminatus atua contra larvas do mosquito Aedes aegypti . 3) o estudo de Navarro et al. (2017) levou ao isolamento de flavonoides e ellagitaninos com atividade antioxidante e citotóxica, no extrato das folhas.

 

Árvore jovem em área de floresta subcaducifólia desmatada. Coromandel (MG), 21-11-2013

Ramos floridos. Coromandel (MG), 21-11-2013

 

LITERATURA
ANDRADE, J.N. 2013. Avaliação de extratos de Phyllanthus acuminatus Vahl utilizada tradicionalmente como ictiotóxica na mortalidade de larvas de Aedes aegypti Linnaeus (Diptera: Culicidae). Dissertação (mestrado), Universidade Estadual de Feira de Santana, 68 f.
CALIXTO, J.B. et al. 1998.  A review of the plants of the genus Phyllanthus: their chemistry, pharmacology, and therapeutic potential. Medicinal Research Reviews, v.18, n.4, p.225-258.
MARTINS, E.R. 2013. O gênero Phyllanthus (Phyllanthaceae) na região sudeste do Brasil. Dissertação (mestrado), Universidade Federal de São Carlos, 116 f.
MARTINS, E.R. & LIMA, L.R. 2011. Sinopse do gênero Phyllanthus L. (Phyllanthaceae) do Estado de São Paulo. Hoehnea v.38, n.1, p.123-133.
MARTINS, E.R. et al. 2014. Phyllanthus (Phyllanthaceae) no estado do Rio de Janeiro. Rodriguésia, v.65, n.2, p.405-424.
NAVARRO, M. et al. 2017. Flavonoids and ellagitannins characterization, antioxidant and cytotoxic activities of Phyllanthus acuminatus Vahl. Plants (Base), v.6, n. 4, p.
Phyllanthaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB24161>. Acesso em: 03 Set. 2018.
SILVA, J.M. & SALES, M.F. 2007. Phyllanthus L. (Phyllanthaceae) em Pernambuco, Brasil. Acta Botânica Brasilica, v.21, p.79-98.

 

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