Hymenolobium heringeranum Rizzini

Angelim

Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, até 20 m de altura e 50 cm de DAP. Casca espessa; ritidoma suberoso, de superfície cinzenta a amarronzada, dividida em placas multiformes, quebradiças, e camada interna marrom,; casca viva amarelo-rosada, fibrosa e ao mesmo tempo granulosa. Madeira moderadamente pesada; cerne marrom-claro, com listras escuras. Ramos lenticelados, pilosos no ápice. Folhas alternas, imparipinadas, pilosas, com 15-21 folíolos; raque com estipelas na base dos folíolos e com 15-20 cm de comprimento, incluindo o pecíolo; folíolos curto-peciolulados, opostos, velutinos, oblongos a elípticos, de 2-3 x 1,5-2 cm. Inflorescência paniculiforme, terminal, pilosa, de 8-15 cm de comprimento, formada por racemos de 3-6 cm de comprimento. Flores curto-pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, papilionáceas, andróginas, perfumadas, com 12-15 mm de comprimento; cálice campanulado, persistente no fruto; corola rósea ou lilás; pétalas purpúreas na face interna da base. Fruto compresso, seco, indeiscente, com 5-8 x 1,5-2 cm, 1-3 sementes e núcleo seminal contornado por uma ala membrano-papirácea branco-encardida ou branco-amarelada. Sementes compressas, elipsoides, de 10-15 x 6-8 mm, com tegumento membranáceo.

É endêmica de Goiás e do Distrito Federal, onde é pouco frequente mas consideravelmente dispersa, já tendo sido registrada nos arredores de Brasília; nos municípios de Luziânia, Cristalina, Santo Antonio do Descoberto, Formosa, Cavalcante e Pirenópolis, em Goiás; e na região da Serra Dourada, nesse mesmo estado. Ocorre em florestas estacionais subcaducifólias e florestas ribeirinhas situadas entre 800 e 1.200 m de altitude, associadas a solos que variam de argilosos e profundos a pedregosos e rasos.

Começa a perder a folhagem em junho; brota e floresce abundantemente de agosto a setembro; e apresenta frutos maduros de outubro a novembro, já com folhas bem desenvolvidas. As flores são freqüentadas por diversas ordens de insetos, com predominância de himenópteros e destaque para abelhas. Os frutos são dispersos pelo vento. A floração é errática em alguns indivíduos ou mesmo em algumas populações, podendo ocorrer todos os anos ou cada dois ou três anos. Muitos indivíduos apresentam baixa produção de frutos e altas taxas de sementes predadas por bruquídeos.

A madeira é apropriada para obras internas e para confecção de móveis, molduras e objetos decorativos, dentre outros artefatos. As flores são fonte de néctar e pólen, principalmente para abelhas. A espécie merece prioridade em projetos de arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas e implantação de sistemas agroflorestais.

Na produção de mudas de H. heringerianum, é importante que se utilize frutos recém-amadurecidos que tenham sementes bem desenvolvidas. Estas podem ser postas para germinar dentro dos frutos, sem tratamentos pré-germinativos. Quando os frutos possuem mais de uma semente, é necessário retirá-las e semeá-las separadamente. A semeadura deve ser realizada em recipientes de no mínimo 25 x 15 cm, contendo substrato organo-argiloso e mantidos em ambiente com 30% a 50% de sombreamento.

H. heringerianum é endêmica de uma parte relativamente pequena do Cerrado, onde é pouco frequente; ocorre áreas preferenciais para atividades agropastoris; e não possui registros de ocorrência em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma. Em termos conservacionistas, tem a seu favor apenas o fato de ocorrer também em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas), que teoricamente conferem alguma proteção à sua biota.

Comentário 1: H. heringerianum foi descrita em 1969, a partir de amostras coletadas por Ezechias P. Heringer no município de Luziânia (GO) e durante algum pensou-se que ela ocorresse somente naquela localidade. Com a expansão das coletas de material botânico nas décadas de 1980 e 1990, o conhecimento sobre a sua distribuição foi gradativamente ampliado.

Comentário 2: Existem registros de formação de nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio em radicelas de algumas espécies de Hymenolobium. Se algum dia ficar comprovado que se isto ocorre também em radicelas de H. heringerianum, os estudiosos terão um motivo a mais para recomendar a sua utilização em projetos de recomposição de áreas degradadas e em sistemas agroflorestais.

Indivíduo em floresta estacional subcaducifólia convertida em pastagem. Pirenópolis (GO), 30-06-2005

Superfície do ritidoma, Pirenópolis (GO), 30-06-2005

Ramos com folhas. Brasília (DF), 30-11-2009

Inflorescência. Cavalcante (GO), 18-09-2009

Cacho de frutos imaturos. Formosa (GO), 08-10-2018

Frutos maduros. Brasília (DF), 17-11-2004

  LITERATURA
Fabaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB79082>. Acesso em: 20 Abr. 2018.
LIMA,H.C. 1982. Considerações taxonômicas sobre o gênero Hymenolobium Bentham (Leguminosae: Faboideae). Acta Amazônica, v.12, n.1, p.41.48.
MATTOS, N.F. 1976. O gênero Hymenolobium (Leguminosae) no Brasil. Roessleria, v.3, n.1, p.13-53.
PAULA, J.E. et al. 1996. Parâmetros volumétricos e da biomassa da mata ripária do córrego dos Macacos. Cerne, v.2, n.2, p.91-105.
PEREIRA, B.A.S. & CARDOSO, N.S. 1990. Anatomia do lenho de Hymenolobium heringerianum Riz. (Leguminosae, Papilionoideae). Cadernos de Geociências, n.6, p.7-14.
RIZZINI, C. T. 1969.  Espécies novas de árvores do Planalto Central Brasileiro. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro,v.41, n.2, p.239-244,
RIZZINI, C.T. 1971. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgard Blücher, 296 p.
RIZZO, J.A. & HASHMOTO, M.Y. 1997. Ocorrência e florescência de Hymenolobium heringerianum Rizzini (Leguminosae-Papilionoideae). In: Congresso Nacional de Botânica, 48, Crato (CE). Resumos. p.30-31.
SILVA JÚNIOR, M.C. & PEREIRA, B.A.S. 2009. + 100 Árvores do Cerrado: Matas de Galeria: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado, p.236-237.
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