Pitomba, pitombeira, olho-de-boi
Árvore inerme, perenifólia a subcaducifólia, heliófila,monoica, até 16 m de altura e 40 cm de DAP. Tronco roliço ou acanalado. Casca moderadamente espessa; ritidoma cinzento, amarronzado ou negro, superficialmente dividido e descamante; casca interna rosada, alva na região do floema. Madeira muito pesada; cerne de cor pardo-amarelada ou amarronzada. Folhas alternas, paripinadas, com 3-5 pares de folíolos; raque de 6-10 cm de comprimento; folíolos opostos a subopostos, glabros, ovados a elípticos, de 6-10 x 3-5 cm. Inflorescências paniculiformes, glabras, de 8-13 cm de comprimento, com flores andróginas, masculinas e femininas. Flores alvas, pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, perfumadas, de 5-7 mm de comprimento; as masculinas com 8 estames e um ovário vestigial e as femininas com ovário súpero. Frutos subglobosos, apiculados, monospermos, de 2-2,5 cm de comprimento e de cor amarela ou alaranjada quandos maduros. Sementes alongadas, com tegumento estreito, alvacento, envolvidas por um arilo suculento, de sabor agridoce.
É citada para o Paraguai e a Bolívia e possui registros de ocorrência para toda a região Nordeste do Brasil, bem como para os estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Ocorre em florestas estacionais subcaducifólia e florestas ribeirinhas em solos bem drenados de média a alta fertilidade. É esporádica em algumas áreas do Cerrado e relativamente frequente em outras, como no vale do rio Paranã, em Goiás e Tocantins. É cultivada em quintais de fazendas em muitas partes do Brasil setentrional e central.
Perde parte da folhagem na estação seca, floresce entre agosto e outubro e apresenta frutos maduros de dezembro a março. As flores são visitadas por moscas, borboletas e, com maior intensidade, por abelhas. Os frutos são consumidos por macacos, aves de grande e médio porte e por animais terrestres, mas os responsáveis pela dispersão das sementes ainda não são conhecidos.
A madeira, considerada suscetível à ação de agentes decompositores, é eventualmente empregada em obras internas e em confecção de móveis comuns. Os frutos são comestíveis e quando as árvores estão em produção, são vendidos em feiras livres e no comércio de rua de cidades do interior e da periferia das áreas de ocorrência da espécie; além disso, entram na dieta de animais arborícolas e terrestres. A casca do tronco, as folhas e as sementes são usadas na fitoterapia popular regional, contra disenteria e outros sintomas, apesar de existirem estudos indicando que essas estruturas da pitombeira possuem substâncias que podem ser tóxicas. A espécie merece prioridade em projetos de arborização urbana, de recomposição de áreas desmatadas e de formação de pomares de fruteiras não convencionais.
Para formação de mudas deve-se utilizar sementes novas e completamente livres da polpa que as envolvem. A semeadura por ser realizada em recipientes de ± 25 x 15 cm, contendo terra argilo-arenosa misturada matéria orgânica decomposta na proporção de 1:1 e mantidos em ambiente parcialmente sombreado. A prática tem indicado que nessas condições as sementes germinam num prazo de 30 a 50 dias e que as plântulas atingem em torno de 20 cm de altura aos 6 meses de idade.
T. esculenta ocorre em áreas preferenciais para atividades agropastoris, mas se distribui por uma significativa parte do Cerrado, ocorre também em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas), está presente em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma e muitas vezes é preservada (e até mesmo plantada) por agricultores.