Gonçalo, gonçalo-alves, aroeira
Árvore inerme, heliófila, caducifólia, andromonoica, com resina odorífera, de até 15 m de altura e 35 cm de DAP. Ritidoma pardacento a cinzento, estreito, íntegro ou superficialmente dividido e descamante; casca interna castanho-avermelhada. Madeira dura, de coloração marrom. Folhas alternas, imparipinadas ou paripinadas, glabras, 8-15 folíolos; raque de 18-26 cm de comprimento; folíolos curto-peciolulados, opostos ou subopostos, ovados, assimétricos, de 6-12 x 3,5-4 cm. Inflorescências paniculadas, terminais, esverdeadas, glabras, de 15-35 cm de comprimento; ramificações com brácteas de 9-12 mm de mm de comprimento. Flores pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, hermafroditas ou unissexuais, de 3-5 mm de comprimento; sépalas castanhas, livres, maiores que as pétalas nas flores femininas; pétalas amarelas, livres. Frutos fusiformes, pardacentos, rugosos quando maduros, de 12-15 mm de comprimento, com mesocarpo lacunoso, resinífero e sépalas persistentes, funcionando como aparato de dispersão pelo vento. Sementes alvas, pouco menores que o fruto.
Tem ocorrência confirmada apenas para Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. Ocorre de forma esporádica em florestas-galerias e florestas estacionais subcaducifólias.
Perde a folhagem na estação seca. Floresce em julho e agosto e apresenta frutos maduros em setembro e outubro. As flores são frequentadas por himenópteros, com preponderância de abelhas silvestres e Apis mellifera. Os frutos são dispersos pelo vento, por vezes a longas distâncias.
Fornece madeira apropriada para construção de cercas e pontes; confecção de móveis, tacos e tábuas para assoalho; e produção de carvão. Os frutos em maturação são consumidos por psitacídeos e as flores são fonte de néctar e pólen a abelhas e outros himenópteros. Pode ser utilizada em arborização urbana e deve merecer prioridade em projetos de recomposição de áreas desmatadas e e de plantios para produção de madeira dura a longo prazo.
É propagada por sementes, utilizando-se os frutos inteiros, sem o cálice. A emergência das plântulas ocorre num prazo de 15-45 dias, a taxa da germinação é da ordem de 75%% e o crescimento das plântulas é moderado. As sementes podem ser guardadas por até 4 meses em condições ambientes, sem perdas significativas no poder germinativo.
A. nelson-rosae ocorre em áreas de preservação (florestas-galerias), mas tem distribuição relativamente restrita no Cerrado, é pouco frequente, é mais encontrada em áreas preferenciais para atividades agropastoris (florestas estacionais subcaducifólias) e não possui registros de ocorrência em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.

Superfície do ritidoma e cor da casca interna de indivíduo em floresta ribeirinha. Uberlândia (MG), 27-07-2021

Folha no início da senescência, com um dos folíolos do lado direito na face abaxial. Uberlândia (MG), 27-07-2021

Inflorescências com flores na antese e botões florais. Uberlândia, 30-07-2021

Frutos maduros, com e sem o cálice. Uberlândia (MG), 02-09-2021
LITERATURA
MITCHELL, J.D. & DALY, D. 2017. Notes on Astronium Jacq. (Anacardiaceae), including a dwarf new species from the Brazilian Shield. Brittonia, v.69, n.4, p.457-464.
SANTIN, D.A. 1989. Revisão taxonômica do gênero Astronium Jacq. e revalidação do gênero Myracrodruon Fr. All. Dissertação (mestrado), Universidade Estadual de Campinas, 187 f.
SANTIN, D.A. 1991. Astronium nelson-rosae – nova espécie de Anacardiaceae. Revista Brasileira de Botânica, v.14, n.1, p.103-106.
SILVA-LUZ, C.L.; PIRANI, J.R.; PELLl, S.K. & MITCHELL, J.D. 2020. Anacardiaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB4382>. Acesso em: 18 jul. 2021.